Ficha técnica do Ford Ka: o carro que suporta 1,5 tonelada de batatas

Um dos modelos mais vendidos da história da Ford no Brasil, o

, voltou aos holofotes em junho de 2025 por um motivo inusitado: foi flagrado em um centro de abastecimento no Paraná tentando transportar 1,5 tonelada de batatas, o equivalente a 58 sacos do tubérculo. 

A cena viralizou nas redes sociais e transformou o subcompacto em protagonista de um dos vídeos mais compartilhados da semana. O caso aconteceu na Ceasa de Curitiba, onde fiscais flagraram o pequeno

abarrotado de sacos de batata. 

O modelo, da primeira geração do Ford Ka, ficou com a traseira rente ao chão, praticamente raspando no asfalto. O motorista, que pretendia sair com o veículo lotado, foi impedido de seguir viagem e teve que remover parte da carga para não colocar em risco a segurança nas vias públicas.

A façanha despertou curiosidade, memes e, principalmente, questionamentos sobre a capacidade real do carro. Afinal, o modelo da

é reconhecido pelo baixo custo de manutenção e pelo uso urbano, mas carregar quase quatro vezes o peso recomendado beira o absurdo — e, claro, é perigoso.

Segundo dados oficiais da Ford, o Ford Ka de primeira geração (produzido entre 1997 e 2007) tem uma capacidade de carga útil de cerca de 350 kg, incluindo motorista, passageiros e bagagem. 

Essa capacidade do hatch já era suficiente para um uso urbano comum, como levar compras de supermercado, malas ou até mesmo pequenas mudanças.

Abaixo, confira a ficha técnica aproximada do modelo envolvido no episódio:

Especificação

Detalhe

Modelo

Ford Ka 1.0 (1ª geração)

Produção

1997 a 2007 (Brasil)

Motor

1.0 Endura ou Zetec Rocam (8V)

Potência

55 a 70 cv (gasolina ou flex)

Torque

8,7 a 9,3 kgfm

Transmissão

Manual de 5 marchas

Peso em ordem de marcha

~940 kg

Peso bruto total

~1.320 kg

Carga útil

350 a 400 kg

Tanque de combustível

40 litros

Porta-malas

185 litros

Comprimento

3.620 mm

Largura

1.640 mm

Altura

1.420 mm

Distância entre-eixos

2.450 mm

No episódio viral, o Ka foi carregado com quase quatro vezes a capacidade recomendada. Isso comprometeu completamente a suspensão, a dirigibilidade e a segurança do veículo. A carroceria estava visivelmente sobrecarregada, com os amortecedores no limite e os pneus quase colapsando.

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Apesar da curiosidade gerada, o transporte de carga excessiva oferece riscos reais e graves. O primeiro deles é a possibilidade de acidentes. Um carro com sobrepeso tem pior desempenho em frenagens, maior desgaste dos freios e pneus, além de perda de estabilidade em curvas. 

No caso do Ford Ka, que não tem controle de estabilidade nem freios ABS nas versões mais antigas, o risco de capotamento ou falha de componentes é ainda maior.

Além disso, carregar carga acima do limite legal é uma infração de trânsito gravíssima. De acordo com o artigo 231 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é proibido transitar com veículo cuja carga exceda os limites estabelecidos pelo fabricante. A multa pode chegar a R$195,23, com cinco pontos na CNH e retenção do veículo para regularização.

O excesso de carga também provoca danos estruturais ao veículo, como:

Além disso, no vídeo em questão, a carga foi empilhada acima do teto do veículo, desrespeitando as normas da Resolução 349/2010 do Contran, que trata do transporte de cargas em automóveis.

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O apelido “KAminhão” surgiu de forma irônica entre internautas, mas revela um traço cultural do Brasil: a capacidade de improviso em cenários de necessidade. Em zonas rurais e periferias urbanas, é comum veículos de passeio serem usados como veículos de carga, mesmo que isso vá contra as orientações técnicas dos fabricantes.

O Ford Ka, por sua vez, conquistou essa popularidade graças à sua robustez mecânica, facilidade de manutenção e baixo consumo de combustível. Mesmo nas gerações mais antigas, o Ka era visto como um carro “valente” para o uso diário — o que provavelmente deu ao motorista em questão a falsa sensação de que ele aguentaria a carga pesada.

Embora o vídeo mostre um caso extremo, ele também reforça a importância de conhecer os limites mecânicos e legais de cada veículo. Ultrapassar esses limites compromete não apenas o carro, mas a segurança de todos no trânsito.

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As imagens viralizaram em plataformas como Instagram, TikTok e WhatsApp, com milhares de compartilhamentos e comentários bem-humorados. Frases como “o Ka virou caminhão”, “Ford Ka 1516” (em alusão a caminhões pesados) e “carro da roça raiz” dominaram as legendas.

A Ceasa de Curitiba confirmou o flagrante e informou que orientou o condutor a reduzir o peso da carga antes de deixar o local. A fiscalização atua justamente para evitar que veículos inseguros circulem nas vias e coloquem outras pessoas em risco.

O episódio do Ford Ka lotado de batatas é, ao mesmo tempo, curioso e preocupante. Mostra como um carro compacto, com mecânica simples, ainda é visto por muitos brasileiros como solução multifuncional para transporte — mesmo quando isso contraria as regras.

Mais do que uma anedota para as redes sociais, a história serve como alerta: respeitar os limites de carga dos veículos é essencial para a segurança, a durabilidade do automóvel e a preservação da vida.

Mesmo sendo “valente”, o Ka não é um caminhão — e nenhum carro de passeio foi feito para isso.

​​​​​​Autor: Paulo Ribeiro