Navio BYD Shenzhen vem ao Brasil com 7 mil veículos eletrificados

A

, montadora chinesa que se consolidou como uma das líderes globais em veículos eletrificados, iniciou um novo capítulo de sua operação logística internacional. 

No final de abril de 2025, o navio BYD Shenzhen, recém-entregue, partiu da China com mais de 7 mil carros eletrificados a bordo e está a caminho do Brasil. A chegada da embarcação está prevista para o porto de Itajaí (SC) em aproximadamente um mês.

Essa movimentação faz parte de uma estratégia clara da empresa para reforçar o estoque nacional diante das novas regras de tributação que passam a incidir sobre a importação de veículos elétricos e híbridos. 

O objetivo é garantir maior oferta local antes dos aumentos progressivos das alíquotas, previstos para julho deste ano e para os próximos.

O BYD Shenzhen é o maior navio da frota da montadora até o momento. Trata-se de uma embarcação do tipo roll-on/roll-off (Ro-Ro), ideal para transportar veículos sobre rodas — carros, ônibus, caminhões e até vagões de trem. 

Sua capacidade de carga impressiona: são aproximadamente 9.200 veículos, distribuídos em 12 conveses. A embarcação possui 219,9 metros de comprimento e 37,7 metros de largura, dimensões que equivalem a quase 20 campos de futebol.

Entregue no dia 22 de abril de 2025, o Shenzhen iniciou sua primeira viagem poucos dias depois, partindo do porto de Jiangsu, na China, rumo ao Brasil. A embarcação pode atingir velocidade máxima de 18,5 nós, o equivalente a 34,3 km/h.

Além de seu tamanho expressivo, o navio se destaca pela tecnologia embarcada. O BYD Shenzhen é equipado com um sistema de propulsão dual, que utiliza Gás Natural Liquefeito (GNL) e combustível convencional. Essa combinação proporciona maior eficiência energética e reduz o impacto ambiental do transporte, um ponto alinhado à proposta sustentável da BYD.

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A chegada do Shenzhen amplia a capacidade de exportação da marca para mercados fora da Ásia. Atualmente, a BYD opera com outros três navios cargueiros próprios: o Explorer No.1, o Changzhou e o Hefei. 

A empresa também está finalizando a construção de duas novas embarcações: o Changsha, com entrega prevista para maio de 2025, e o Xi’an, que ainda não tem data definida para entrar em operação.

Essa frota faz parte de uma estratégia de longo prazo da montadora para ter maior controle sobre sua cadeia logística internacional. Ao operar com navios próprios, a BYD reduz a dependência de operadores terceirizados, consegue otimizar prazos de entrega e ainda diminui custos no médio e longo prazos.

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A chegada de mais de 7 mil veículos eletrificados ao país ocorre em um momento de transição para o mercado automotivo brasileiro. A partir de julho de 2025, as tarifas de importação para esses modelos passarão por um reajuste progressivo. 

O governo federal anunciou, em 2024, o fim da isenção total para esse tipo de veículo, com aplicação de alíquotas gradualmente maiores até 2026.

Os

(BEV) terão uma tarifa de 25% já em julho de 2025, chegando a 35% em julho de 2026. Os híbridos leves (MHEV) e híbridos convencionais (HEV) seguirão uma linha semelhante: 30% em julho de 2025 e 35% no ano seguinte. Já os híbridos plug-in (PHEV) terão 28% em julho de 2025, com aumento para 35% em 2026.

Diante desse cenário, a BYD antecipou uma operação de grande escala para evitar impactos nos preços finais dos seus veículos no Brasil. A chegada do Shenzhen, com milhares de unidades, visa justamente abastecer a rede de concessionárias e revendas antes da aplicação dos novos percentuais.

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A ação da BYD contribui diretamente para manter a competitividade dos veículos eletrificados no mercado nacional durante um período de transição fiscal. 

Em um país que ainda enfrenta desafios de infraestrutura para a mobilidade elétrica, como a expansão da rede de carregadores públicos e incentivos regionais, a presença de veículos com preços acessíveis é fundamental para manter o crescimento do segmento.

Com uma linha diversificada, a BYD oferece ao consumidor brasileiro modelos como o

, o

e o

, além dos híbridos da família

. A empresa aposta em um equilíbrio entre autonomia, desempenho e preço, com tecnologias próprias de baterias e motores. 

Mesmo com o aumento das tarifas, a marca pretende manter-se competitiva frente a outros players que também ampliam a atuação no Brasil.

Além da chegada dos carros importados, a BYD mantém planos de produção local, com fábrica em construção em Camaçari, na Bahia, onde funcionava uma antiga planta da

. 

A produção nacional pode contribuir para reduzir os impactos da tributação sobre os modelos importados e consolidar a marca no Brasil como uma opção viável entre os eletrificados.

Com a chegada dos novos veículos, a BYD também ampliou sua presença nas plataformas digitais. Um dos canais mais relevantes tem sido o Mercado Livre, onde a marca disponibiliza parte de seu portfólio para venda direta ao consumidor. 

A parceria com o marketplace tem o objetivo de facilitar o acesso a modelos eletrificados e simplificar o processo de compra, inclusive com possibilidade de pagamento online e entregas programadas. 

Na plataforma, o comprador pode visualizar os modelos disponíveis, comparar versões, conferir autonomia, tempo de recarga e principais funcionalidades. Também é possível consultar a

para conhecer o valor médio dos veículos da marca.

Essa estratégia multicanal permite alcançar diferentes perfis de público, desde o cliente que prefere visitar uma concessionária até o comprador que realiza toda a jornada online.

A chegada dos veículos transportados pelo Shenzhen pode contribuir para manter a oferta de modelos eletrificados em níveis elevados no mercado nacional, especialmente durante o segundo semestre de 2025. 

Esse movimento é particularmente importante em um momento de transição para o setor, com consumidores mais atentos à mobilidade sustentável e uma infraestrutura de recarga ainda em desenvolvimento.

Autor: Luciana Elldorf