Como termina Atração Fatal?

Quando foi lançado em 1987, “Atração Fatal” (Fatal Attraction) causou um impacto imediato. Não apenas por sua intensa história de infidelidade e obsessão, mas também por colocar em evidência os perigos dos romances extraconjugais.

Neste artigo, veremos por que esse filme se tornou um thriller psicológico que marcou toda uma geração, deixando uma forte marca na cultura popular com sua inesquecível antagonista, interpretada por Glenn Close.

A história segue Dan Gallagher (Michael Douglas), um advogado bem-sucedido de Nova York, com uma vida aparentemente perfeita. Ele é casado com Beth (Anne Archer) e tem uma filha, Ellen.

Tudo parece estar em ordem até que ele conhece Alex Forrest (Glenn Close), uma editora com quem ele se envolve enquanto sua esposa está fora. O que começa como uma paixão fugaz e sem compromisso se transforma rapidamente em um pesadelo, pois Alex se recusa a aceitar que foi apenas um caso passageiro.

Dan tenta se afastar, mas Alex não está disposta a ser esquecida. O que começa com ligações insistentes e aparições inesperadas logo evolui para um perigoso jogo de manipulação e violência.

O desespero de Alex a leva a ações cada vez mais extremas, incluindo automutilação, perseguição à família de Dan e, em uma das cenas mais perturbadoras do filme, matar o coelho de estimação de Ellen, em uma ameaça macabra.

O clímax se desenrola em um redemoinho de tensão, onde a obsessão de Alex ameaça destruir completamente a vida de Dan. Mas, como essa história angustiante chega ao seu desfecho?

Após meses de perseguição e ameaças, Dan tenta recuperar sua vida. No entanto, Alex cruza o limite quando sequestra Ellen na saída da escola, levando-a para um parque de diversões sem permissão.

Esse ato leva Dan ao limite e o faz confrontá-la diretamente em seu apartamento. Tomado pela raiva, ele tenta estrangulá-la, mas se contém antes de matá-la. Ao voltar para casa, Dan acredita que tudo acabou. No entanto, a verdadeira cena de terror ainda está por vir.

Em uma das cenas mais icônicas do cinema de suspense, Alex aparece no banheiro da casa de Dan, armada com uma faca, completamente descontrolada e disposta a matá-lo. Durante a luta, Beth intervém e, no momento culminante, atira em Alex no peito, pondo fim à ameaça de uma vez por todas. 

O filme termina com a família Gallagher abraçada, aliviada pelo fim do perigo. No entanto, o que aconteceu deixará marcas para sempre.

O desfecho de “Atração Fatal” vai além de uma simples resolução violenta para uma história de perseguição. Ao longo dos anos, o final foi analisado sob diferentes perspectivas.

Por um lado, o personagem de Alex foi visto como uma representação da mulher rejeitada, uma figura trágica que reage de forma extrema à traição e ao abandono.

A própria Glenn Close já afirmou, em várias entrevistas, que enxerga Alex mais como uma vítima de sua doença mental do que como uma vilã cruel.

Por outro lado, o final reforça a mensagem sobre as consequências da infidelidade.

Dan sobrevive, mas paga um preço alto: sua família foi colocada em perigo, sua reputação ficou manchada e, mesmo que ele consiga recuperar uma certa estabilidade, o trauma dos acontecimentos o assombrará para sempre.

Curiosamente, o final original do filme era ainda mais trágico: nele, Alex se suicidava e fazia parecer que Dan era o culpado por sua morte. Esse desfecho deixaria uma sensação de desespero ainda maior, mas os estúdios optaram pelo clímax mais impactante que conhecemos, priorizando o suspense em vez da tragédia psicológica.

A história original de Atração Fatal vem de um curta-metragem britânico chamado "Diversion" (1980), escrito por James Dearden.

A versão inicial tinha um tom mais moralista, mas, quando Hollywood se interessou pelo projeto, ele foi transformado em um thriller de grande escala.

O diretor escolhido foi Adrian Lyne, conhecido por seu estilo visual sedutor e pela exploração da sexualidade no cinema. Sua marca registrada pode ser vista em cada cena do filme.

O papel de Alex Forrest foi oferecido a diversas atrizes antes de Glenn Close aceitá-lo. Entre as opções estavam Debra Winger e Barbara Hershey, mas Close convenceu a equipe com sua interpretação intensa e vulnerável.

Michael Douglas, por sua vez, já era conhecido por interpretar personagens com vidas complicadas, e sua atuação consolidou sua imagem como o protagonista ideal para thrillers da época. Anne Archer, no papel de Beth, também recebeu muitos elogios, especialmente por sua atuação na cena final, quando defende sua família com ferocidade.

Um dos maiores acertos de “Atração Fatal” foi a maneira como o suspense foi construído através da cinematografia.

Adrian Lyne usou uma paleta de cores frias nas cenas de Alex, acentuando sua aura de perigo e instabilidade, enquanto o lar dos Gallagher foi retratado com tons quentes e acolhedores, destacando o contraste entre esses dois mundos.

Além disso, o uso de planos fechados em momentos de tensão, como a cena do banheiro, criou uma atmosfera claustrofóbica, deixando os espectadores à beira do assento.

O compositor Maurice Jarre criou uma trilha sonora que ampliou a carga emocional do filme. Sua música acompanha cada reviravolta do roteiro, desde os momentos de sedução até os picos de tensão psicológica e o desfecho violento. A ausência de melodias reconfortantes reforça a sensação de angústia que permeia toda a história.

Desde sua estreia, “Atração Fatal” tem sido objeto de análises e discussões. Alguns interpretam o filme como um alerta sobre os riscos da infidelidade, enquanto outros criticam a maneira como retrata as mulheres, argumentando que reforça estereótipos negativos sobre feminilidade e saúde mental.

Independentemente das opiniões, o filme deixou uma marca profunda na cultura popular. A expressão “bunny boiler” (cozinheira de coelhos), derivada da cena do coelho morto, se tornou um termo para descrever pessoas obcecadas e vingativas em relacionamentos amorosos.

Além disso, o sucesso do filme impulsionou uma onda de thrillers eróticos nos anos 90, consolidando Michael Douglas como um dos principais atores do gênero, com filmes como “Instinto Selvagem” (1992). Você pode assistir a filmes dele e muitos outros gratuitamente no Mercado Play.

Décadas após sua estreia, “Atração Fatal” continua sendo uma referência no cinema de suspense. Sua exploração da obsessão, desejo e das consequências de decisões impulsivas a mantém relevante até hoje. 

O final do filme, longe de ser apenas um clímax violento, deixa no público uma reflexão profunda: até que ponto um único erro pode mudar uma vida? Talvez, o verdadeiro terror dessa atração fatal não esteja no perigo imediato, mas sim na marca indelével que ela deixa para sempre.