Por que Chocolate é mais do que apenas um filme sobre comida?

À primeira vista,

Chocolate

(2000) pode parecer um filme sobre gastronomia e o prazer dos sentidos, mas na realidade, é muito mais do que isso. Esta obra, dirigida por Lasse Hallström e baseada no romance homônimo de Joanne Harris, é uma história sobre a mudança, a tolerância e a liberdade pessoal, tudo envolvido em um ambiente mágico e sedutor. 

Saiba como o filme oferece muito mais do que seus requintados planos de chocolates derretidos e sua atmosfera envolvente, para falar sobre a transformação de uma comunidade e os conflitos humanos que surgem quando as normas estabelecidas são desafiadas.

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Uma história de transformação e resistência

O roteiro de Chocolate, adaptado por Robert Nelson Jacobs, oferece um olhar profundo sobre como a mudança pode desafiar e, ao mesmo tempo, revitalizar uma comunidade. A história combina romance, drama e um toque de realismo mágico para dar vida a um relato envolvente.

Vianne: um espírito livre em uma cidade conservadora

A protagonista, Vianne Rocher (Juliette Binoche), é uma mulher misteriosa que chega a uma pequena cidade francesa com sua filha para abrir uma chocolateria. Sua presença desencadeia uma onda de mudanças que desafiam a moral rígida da comunidade, especialmente porque sua loja abre durante a Quaresma, quando o prazer e a indulgência são vistos com desconfiança. 

Vianne representa a liberdade, a paixão e o direito de desfrutar a vida sem as restrições impostas pela tradição. Seu caráter forte e sua negativa em se ajustar às regras estabelecidas a tornam uma ameaça para o prefeito da cidade, o conde de Reynaud (Alfred Molina), que representa a ordem e a disciplina moral.

O conflito entre o prazer e a repressão

Um dos temas mais importantes do filme é a luta entre o prazer e a restrição. A chocolateria de Vianne não apenas vende doces, mas age como um catalisador para que os habitantes da cidade enfrentem seus próprios desejos e frustrações. 

O conde de Reynaud simboliza a autoridade que impõe normas baseadas na religião e na tradição, tentando reprimir qualquer forma de prazer ou individualidade. O filme mostra como esse tipo de controle pode ser prejudicial para uma sociedade e como a repressão muitas vezes gera mais conflitos internos do que a liberdade.

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Uma exibição visual e sensorial impressionante

Um dos aspectos mais cativantes de Chocolate é sua cinematografia e seu design de produção, que contribuem para criar uma experiência visual rica e envolvente.

A fotografia: cores quentes que despertam os sentidos

A direção de fotografia de Roger Pratt consegue capturar a essência da história por meio do uso magistral da iluminação e da paleta de cores. A chocolateria de Vianne está banhada em tons quentes e dourados, o que a torna um lugar acolhedor e tentador, em contraste com a frieza e a rigidez do restante da cidade. 

Cada cena em que o chocolate é manipulado é cuidadosamente filmada para destacar sua textura e brilho, fazendo com que o espectador quase possa saborear cada pedaço. Esses elementos visuais reforçam o tema central da história: o prazer sensorial como um caminho para a felicidade.

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A música: uma trilha sonora que envolve a história

A trilha sonora de Rachel Portman complementa perfeitamente a atmosfera do filme. Suas melodias suaves e envolventes reforçam o tom mágico da história, acompanhando a evolução dos personagens com sutileza e emoção. 

A música em Chocolate não serve apenas para ambientar, mas também ressalta momentos-chave, como quando os personagens se permitem desfrutar do chocolate pela primeira vez ou quando o relacionamento entre Vianne e Roux (Johnny Depp) começa a florescer.

Um elenco excepcional que dá vida à história

O filme não brilha apenas por sua direção e roteiro, mas também pelas atuações memoráveis de seu elenco. Cada ator traz profundidade a seu personagem, tornando-os figuras memoráveis no cinema romântico e dramático.

Juliette Binoche: uma protagonista magnética

Juliette Binoche oferece uma interpretação carismática e emotiva de Vianne. Seu personagem transmite força e ternura ao mesmo tempo, fazendo com que o espectador se conecte com sua luta para ser aceita em um ambiente hostil. 

Sua atuação é sutil, mas poderosa, conseguindo expressar com um simples olhar a profundidade de suas emoções. É graças à sua interpretação que o personagem de Vianne se sente tão real e próximo.

Alfred Molina: um antagonista complexo

O conde de Reynaud não é um vilão tradicional, mas um homem preso às suas próprias regras. Alfred Molina consegue dar profundidade a esse personagem, mostrando-o não apenas como um antagonista, mas como alguém que teme a mudança porque ela representa uma ameaça à sua própria estabilidade emocional. 

Sua evolução ao longo do filme é crucial para entender a mensagem da história: até mesmo os mais resistentes à mudança podem encontrar uma forma de redenção.

Johnny Depp e seu papel como o outsider encantador

Johnny Depp interpreta Roux, um nômade cigano que se torna o interesse amoroso de Vianne. Seu personagem representa a liberdade absoluta, em oposição à rigidez da cidade. Embora seu romance com Vianne não seja o foco central da história, sua presença reforça a ideia de que a vida deve ser vivida sem medo ou restrições.

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Além do chocolate: os temas centrais do filme

Embora o chocolate seja um elemento central na história, o filme trata de temas muito mais profundos, que o tornam uma obra significativa.

A importância da aceitação e da diversidade

Uma das mensagens mais poderosas de Chocolate é a importância de aceitar as diferenças. Vianne não representa apenas a mudança, mas também a diversidade e a inclusão. 

Sua chegada à cidade traz novas perspectivas e desafia as normas estabelecidas, o que inicialmente gera rejeição, mas eventualmente leva a uma transformação positiva na comunidade. 

O personagem de Josephine (Lena Olin), uma mulher que foge de seu marido abusivo e encontra apoio em Vianne, é um exemplo claro de como a aceitação e o apoio podem mudar vidas.

A liberdade de viver sem medo do julgamento alheio

O filme também fala sobre a liberdade de aproveitar a vida sem temer o que os outros vão pensar. Muitos dos personagens da cidade vivem reprimidos, seguindo regras impostas por outros, até que a chocolateria lhes mostra que é possível encontrar felicidade nos pequenos prazeres. 

Vianne é o catalisador dessa mudança, mas cada personagem deve tomar sua própria decisão sobre se deseja ou não se libertar das expectativas impostas.

Conclusão

Chocolate não é apenas um filme sobre comida; é uma história sobre transformação, liberdade e o poder da felicidade. Por meio de sua cinematografia, atuações memoráveis e um roteiro cheio de nuances, nos lembra que o prazer e a aceitação são essenciais para uma vida plena. 

Se você ainda não viu ou faz tempo que não assiste, essa é uma excelente oportunidade para desfrutar de um filme grátis no Mercado Play que, assim como um bom chocolate, deixa uma sensação de calor e satisfação que perdura muito depois de ter sido experimentado.