Desde sua estreia em 1968, “A Noite dos Mortos-Vivos” se tornou um clássico indiscutível do cinema de terror. Dirigido por George A. Romero, este filme redefiniu o conceito de zumbis nas telas e marcou o início de uma saga que se estenderia por décadas.
A partir de seu impacto, surgiram sequências, remakes e novas interpretações que expandiram o universo dos mortos-vivos. Saiba toda a evolução dessa franquia icônica, começando pelas primeiras representações de zumbis no cinema até as inspiradas na original.

A história por trás do mito: os zumbis no cinema antes de 1968
Antes de George A. Romero revolucionar o gênero, os zumbis já haviam aparecido nas grandes telas, embora com características muito diferentes. As primeiras representações estavam mais vinculadas ao vodu e à magia negra, em contraste com a explicação científica ou apocalíptica que se desenvolveria depois.
Um dos primeiros exemplos no cinema é “White Zombie” (1932), estrelado por Bela Lugosi. Nesse filme, os zumbis eram pessoas submetidas a controle por meio de poções e rituais, sem a característica fome de carne humana que depois se tornaria icônica.
Outras produções como “I Walked with a Zombie” (1943) também exploraram essa temática sob uma perspectiva semelhante. No entanto, foi “A Noite dos Mortos-Vivos” que estabeleceu o conceito moderno do zumbi: um ser reanimado, desprovido de consciência, que se alimenta de carne humana e cuja mordida pode propagar a infecção. Essa influência foi tão forte que gerou uma franquia completa e um novo subgênero dentro do terror.
Quantos filmes há na saga?
Após o sucesso do filme original de 1968, surgiram diversas sequências, remakes e reinterpretações. Alguns foram dirigidos por Romero, enquanto outros por diferentes cineastas, expandindo a mitologia dos mortos-vivos.
“A Noite dos Mortos-Vivos” (1968) - George A. Romero
“O Amanhecer dos Mortos” (1978) - George A. Romero
“O Dia dos Mortos” (1985) - George A. Romero
“A Terra dos Mortos” (2005) - George A. Romero
“O Diário dos Mortos” (2007) - George A. Romero
“A Ressurreição dos Mortos” (2009) - George A. Romero
“A Noite dos Mortos-Vivos” (1990) - Remake dirigido por Tom Savini
“A Noite dos Mortos-Vivos 3D” (2006) - Jeff Broadstreet
“A Noite dos Mortos-Vivos: Reanimados” (2009) - Filme animado
“A Noite dos Mortos-Vivos” (2012) - Remake independente
“O Retorno dos Mortos-Vivos” (1985) - Inspirado na franquia, dirigido por Dan O'Bannon
“O Dia dos Mortos 2: O Contágio” (2005) - Ana Clavell e James Dudelson
Um olhar por cada filme dos mortos-vivos
Ao longo dos anos, cada um desses filmes contribuiu com algo diferente ao mito dos zumbis. Não só definiram o arquétipo do morto-vivo, mas também serviram como espelhos da sociedade no momento em que foram criados
“A Noite dos Mortos-Vivos” (1968)
Dirigido por George A. Romero, esse filme estabeleceu as bases do gênero zumbi moderno com uma história carregada de tensão e simbolismo. Apresenta um grupo de pessoas presas em uma casa enquanto os mortos começam a se levantar e atacar os vivos. Além de sua atmosfera claustrofóbica e narrativa impactante, o filme foi amplamente analisado por seu subtexto social, especialmente em relação aos conflitos raciais e à desconfiança nas instituições.
A escolha de um protagonista afro-americano, interpretado por Duane Jones, foi revolucionária para a época e seu desfecho abrupto e inesperado deixou uma marca indelével no cinema de terror.

“O Amanhecer dos Mortos” (1978)
Considerado por muitos como a melhor sequência de Romero, esse filme expande a visão do apocalipse zumbi e adiciona uma poderosa sátira ao consumismo. Os protagonistas encontram abrigo em um shopping, um símbolo da sociedade capitalista, e aos poucos começam a se acomodar nesse ambiente enquanto o mundo exterior desmorona.
O filme oferece ação, terror e crítica social, enquanto apresenta uma evolução nos efeitos práticos, especialmente na maquiagem dos zumbis, obra de Tom Savini. Seu impacto foi tão grande que em 2004 recebeu um remake dirigido por Zack Snyder, modernizando a história com zumbis rápidos e um tom mais frenético.
“O Dia dos Mortos” (1985)
A terceira entrega de Romero apresenta uma visão ainda mais pessimista do mundo pós-apocalíptico. Neste filme, os protagonistas são cientistas e militares refugiados em uma base subterrânea, onde a tensão entre as duas facções é tão perigosa quanto a ameaça externa.
Um dos aspectos mais inovadores do filme é a introdução do conceito de zumbis “domesticados”, representado por Bub, uma criatura que demonstra sinais de aprendizagem e memória.
Essa ideia influenciou produções futuras que exploram a possibilidade de os mortos-vivos evoluírem. Embora tenha recebido críticas mistas inicialmente, com o tempo foi revalorizado como uma das obras mais ambiciosas de Romero.

“A Terra dos Mortos” (2005)
Após 2 décadas sem dirigir um filme de zumbis, Romero retornou com uma visão mais moderna e expandida do gênero. Neste filme, a humanidade conseguiu estabelecer cidades muradas onde as classes altas vivem no luxo, enquanto os pobres sobrevivem em condições precárias.
Ao mesmo tempo, os zumbis começam a mostrar sinais de inteligência e organização, liderados por um morto-vivo que parece ter uma consciência rudimentar. O filme critica a desigualdade social e a decadência da elite governante, um tema que continua sendo relevante hoje em dia. Apesar de não alcançar o impacto de seus antecessores, tornou-se uma referência no gênero.
“O Diário dos Mortos” (2007)
Romero experimentou com o estilo de filme de metragem encontrado neste filme, seguindo um grupo de estudantes de cinema que documentam o início do apocalipse zumbi. Através dessa narrativa, o diretor reflete sobre o papel dos meios de comunicação e a obsessão por registrar cada evento, até em situações extremas.
Embora não tenha sido tão bem recebido como os filmes anteriores, destaca-se por seu comentário sobre a sociedade da informação e o auge das redes sociais. Seu uso da câmera na mão e da perspectiva subjetiva a diferencia do resto da saga.
“A Ressurreição dos Mortos” (2009)
O último filme de Romero na saga dos zumbis se passa em uma ilha isolada, onde os sobreviventes adotam diferentes estratégias para lidar com a praga. Alguns acreditam que os zumbis podem ser retidos até encontrar uma cura, enquanto outros defendem erradicá-los completamente.
Essa premissa gera um conflito interno que simboliza a luta entre a tradição e a mudança, uma metáfora aplicável a várias questões sociais e políticas. Embora não tenha tido o mesmo impacto que seus filmes anteriores, oferece um fechamento temático à exploração do gênero por parte do diretor.
“A Noite dos Mortos-Vivos” (1990)
Este remake oficial, dirigido por Tom Savini, mantém a essência da versão original, mas com melhorias nos efeitos especiais e algumas mudanças no enredo. Um dos aspectos mais notáveis é o desenvolvimento do personagem de Bárbara, que nesta versão passa de uma vítima indefesa para uma protagonista forte e decidida.
O filme não alcançou o status icônico do original, mas é apreciado pelos fãs do gênero como uma reinterpretação digna e bem executada.
“A Noite dos Mortos-Vivos 3D” (2006) e “Reanimados” (2009)
Esses remakes tentaram modernizar a história com o uso de tecnologia 3D e animação, mas não conseguiram o impacto esperado. Em ambos os casos, as críticas focaram no roteiro e na execução, argumentando que não traziam nada de novo ao mito zumbi e que suas tentativas de inovação eram mais distrativas do que eficazes. São exemplos de como nem sempre a modernização técnica garante uma melhoria narrativa.
“O Retorno dos Mortos-Vivos” (1985)
Embora não faça parte diretamente da saga de Romero, este filme de Dan O'Bannon pegou elementos da mitologia zumbi e os levou em uma direção distinta. Introduz zumbis mais rápidos e inteligentes, com capacidade de falar e raciocinar, além de um tom mais cômico e irreverente.
A famosa frase “Mais cérebros!” se tornou um ícone da cultura pop. Seus elementos de horror e humor a tornaram um clássico de culto que influenciou muitas produções posteriores.
“O Dia dos Mortos 2: O Contágio” (2005)
Este filme, dirigido por Ana Clavell e James Dudelson, é apresentado como uma prequela de “O Dia dos Mortos” de 1985, embora não tenha sido realizado nem apoiado por Romero.
Ambientado em um hospital militar, a história gira em torno de um vírus experimental que desencadeia o apocalipse zumbi. Ao contrário da saga original, essa produção foca mais na infecção e no gore, deixando de lado a crítica social característica de Romero.
O filme não foi tão bem recebido pela crítica nem pelos fãs, que o consideram uma produção de baixo orçamento que não consegue capturar a essência do gênero nem trazer algo significativo à mitologia zumbi.

Conclusão
Desde 1968, “A Noite dos Mortos-Vivos” gerou uma franquia que evoluiu com o tempo, explorando diferentes aspectos do apocalipse zumbi. A cada filme, novas ideias foram introduzidas, desde a sátira social até a experimentação com o gênero de found footage.
O legado de Romero segue vivo, e seus filmes continuam a inspirar novas gerações de cineastas e fãs de terror. É provável que futuras versões sigam reinventando este clássico do cinema. Assista a esses filmes no site do Mercado Play!