Almas Mortas, De Gogol, Nikolai. Editora Perspectiva, Capa Mole, Edição 1ª Edição - 2008 Em Português

Descrição

Almas Mortas e O Inspetor Geral, de Gógol, são dois marcos extraordinários na história da literatura russa. Até o início do século XIX, as obras formadoras e dominantes da língua haviam sido as do poema e da épica, sobretudo as de Lomonossov e as de Púschkin. Com Gógol, a prosa adquiriu o status de arte e a realidade do país revelou-se, para além de sua aparente leveza de burla, um retrato amargo, impiedoso e grotesco da sociedade. A ideia central do romance, sugerida por Púschkin após a leitura de uma nota jornalística, permitiu a Gógol pintar uma enorme variedade de personagens, cuja força reside em seu poder de caracterização do universal pelo específico. Púschkin expressou, apesar de toda comicidade ali destilada: 'eu não ri, chorei, Deus, como é triste a nossa Rússia'. A denominação 'almas mortas' não é apenas a metáfora de um golpe ou de uma prática ardilosa no regime czarista, mas também uma expressão de até onde pode ir o decaimento do espírito humano, a contradição em que ele pode entrar com todo o padrão ético e fundamento religioso da existência. Este duplo retrato é o que torna a obra perene, o riso gogoliano que chega ao leitor, não só em sua textualidade autoral, como no rastro que deixou na literatura de Turguêniev, Dostoiévski, Bábel, na poesia e no teatro, representando o signo maior da visão e da força de linguagem deste escritor russo-ucraniano. N. Cunha e J. Guinsburg.