Crimes Obscuros é uma representação fiel dos thrillers psicológicos

Lançado em 2016 e dirigido por Alexandros Avranas, Crimes Obscuros prometia ser um thriller psicológico intrigante, ainda mais por contar com Jim Carrey no papel principal. Baseado em um artigo de David Grann para The New Yorker, que detalhava um caso real na Polônia, o filme gerou expectativas. No entanto, a recepção foi extremamente negativa, sendo amplamente considerado um fracasso. Mas por quê?

Vamos analisar a trama e os elementos que fazem (ou não) desse filme um verdadeiro thriller psicológico.

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Crimes Obscuros

O que caracteriza um thriller psicológico?

Thrillers psicológicos são conhecidos por mergulhar o espectador em um jogo mental, indo além da simples resolução de um crime. O foco está nas motivações, traumas e complexidade dos personagens. Clássicos como O Silêncio dos Inocentes (1991), Seven – Os Sete Crimes Capitais (1995) e Garota Exemplar (2014) definiram o gênero, misturando suspense, terror psicológico e reviravoltas inesperadas.

Para um thriller psicológico ser eficaz, ele precisa:

  • Criar uma atmosfera inquietante com trilha sonora, fotografia e tensão constantes.

  • Desenvolver personagens complexos, que não sejam apenas "bons" ou "maus", mas cheios de camadas.

  • Desafiar a moralidade do público, tornando difusa a linha entre justiça e vingança.

  • Apresentar reviravoltas coerentes, que surpreendam sem parecerem forçadas.

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O que caracteriza um thriller psicológico

A trama de Crimes Obscuros

O filme acompanha Tadek (Jim Carrey), um policial polonês que caiu em desgraça na carreira e se apega obsessivamente a um caso de assassinato não resolvido. Sua investigação leva até um escritor, Krystov Kozlov (Marton Csokas), cuja obra de ficção parece descrever detalhes do crime real. Convencido de que Kozlov é o culpado, Tadek mergulha em um mundo de depravação e violência, enquanto sua sanidade se deteriora.

A trama toca em temas como culpa, redenção e a influência da literatura na realidade, mas será que consegue desenvolver tudo isso de forma convincente?

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A trama de Crimes Obscuros

Produção

  • Diretor: Alexandros Avranas (Miss Violence).

  • Roteiro: Jeremy Brock (O Último Rei da Escócia).

  • Filmagens: Cracóvia, Polônia, garantindo um clima sombrio.

Elenco                 

  • Jim Carrey (Tadek): tentou um papel mais sério, mas recebeu críticas divididas.

  • Marton Csokas (Kozlov): entrega uma atuação enigmática.

  • Charlotte Gainsbourg (Kasia): interpreta uma personagem promissora, mas mal desenvolvida.

  • Agata Kulesza (Marta): vive a esposa de Tadek, preocupada com sua obsessão.

  • Kati Outinen (Malinowska): faz uma participação pequena, mas marcante.

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Elenco

Visão da crítica especializada e do público

O filme fracassou tanto com a crítica quanto com o público. No Rotten Tomatoes, tem impressionantes 0% de aprovação, e no Metacritic, pontua apenas 24/100.

Os principais problemas apontados foram:

  • Ritmo arrastado: a história se desenrola de forma lenta e previsível.

  • Tons excessivamente sombrios: violência e depravação são exploradas de forma gratuita, sem propósito narrativo.

  • Personagens rasos: em vez de complexos, são meros estereótipos do gênero.

  • Atuação de Jim Carrey: sua tentativa de se reinventar foi considerada forçada e pouco convincente.

  • Representação distorcida da Polônia: alguns críticos acusaram o filme de reforçar estereótipos negativos do país.

Análise aprofundada

Para entender por que Crimes Obscuros não funcionou como um thriller psicológico, é preciso analisar suas falhas em diferentes aspectos:

Falta de sutileza e ambiguidade

Um bom thriller psicológico brinca com a ambiguidade, permitindo que o espectador interprete os acontecimentos e tire suas próprias conclusões. Crimes Obscuros, no entanto, é direto e explícito demais. O filme não confia na inteligência do público e acaba explicando tudo em excesso, eliminando qualquer mistério ou suspense.

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Falta de sutileza e ambiguidade

Personagens superficiais e estereotipados

Os personagens de Crimes Obscuros são arquétipos clichês do gênero. Tadek é o detetive obcecado e atormentado; Kozlov, o vilão intelectual e perverso; Kasia, a femme fatale enigmática. Nenhum deles se sente real ou tridimensional. Suas motivações são rasas, e suas ações, previsíveis.

Excesso de sordidez e violência gratuita

O filme se concentra em cenas de sexo, violência e depravação sem um propósito narrativo claro. A sordidez se torna um fim em si mesma, em vez de ser usada para aprofundar a psicologia dos personagens ou explorar a natureza do mal.

Falta de conexão emocional

Apesar do tom sombrio e da tentativa de abordar temas profundos, Crimes Obscuros não consegue criar uma conexão emocional com o público. Os personagens são tão desagradáveis e distantes que é difícil sentir empatia por eles. Isso faz com que a experiência do filme seja fria e alienante.

Má adaptação do material original

O artigo de David Grann, no qual o filme se baseia, é um excelente trabalho de jornalismo investigativo, repleto de detalhes e complexidade. No entanto, a adaptação para o cinema simplifica a história, eliminando muitos dos elementos que a tornavam interessante.

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Má adaptação do material original

Conclusão

Com uma premissa promissora, Crimes Obscuros poderia ter sido um thriller psicológico envolvente. No entanto, falha ao se aprofundar nos personagens, explorar o suspense e manter o interesse do público. O resultado é um filme frio, previsível e exageradamente sombrio, que não faz jus ao gênero que tenta representar.

Se, apesar das críticas, você quiser conferir Dark Crimes e tirar suas próprias conclusões, ele pode ser encontrado em algumas plataformas de streaming.