Estética Da Indiferença, A: Romance, De Rocha, Sidney. Editora Iluminuras, Capa Mole, Edição 1ª Edição - 2018 Em Português

Descrição

Senhoras e senhores, aplausos para o Homem mais Faminto do Mundo. Não é um festival de bizarrices, mas sim filantropia de entidades e homens do bem. O concurso remete ao conto ‘O artista da fome’, de Franz Kafka, mas não altera o tom de normalidade entre os condôminos do mundo gourmet, que talvez sofram de aporofobia – aversão aos desfavorecidos.

A indiferença é marcada pela ausência de sentimentos, lembrando Alphaville, filme de Jean-Luc Godard. A frieza do olhar e o distanciamento são sinais de sofisticação em Amaravati, o lugar dos lugares. A vida segue com a nova engenharia da felicidade, e na dúvida, há sempre um personal para ajudar.

Os personagens exalam esnobismo e precisam afirmar seu discurso para manter suas posições. A politização da ironia em Sidney Rocha é uma forma de reinventar a literatura, sem afetação ou artifícios de linguagem. A Estética da indiferença é uma obra política em todos os sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato.

Este é o segundo livro da trilogia ‘Geronimo’, que desassossega com seu tom irônico e radicalmente político. Sidney Rocha nos entrega uma obra que desmantela a linguagem dos condôminos premium, livre do escândalo da literatura hiper-realista brasileira.

Não há roteiro ou imaginação que tire a maquiagem entediada do mundo. O rouge da aventura só faz corar diante da rotina dos lares confortáveis. O Fernanflor do primeiro volume continua à espreita, com sua ideia de beleza e invenção. Cuidado com o malassombro permanente no juízo.

À espera da conclusão da trilogia de Rocha, resta um mantra misterioso: ‘Melhor que o ouro é a astúcia de consegui-lo’. - XICO SÁ.