Olhos De Vidro, De Annalu Braga. Editora Garamond, Capa Mole Em Português

Descrição

Olhos de Vidro não é dedicado aos cadáveres, mas sim aos fantasmas. Convida-se a quem lê a se tornar um fantasma ao mergulhar no universo de perseguição e violência, e na trama de culpa e remorso, de vingança adiada, das dez narrativas que compõem a obra. Este universo e trama entrelaçam amor e dor, evocando a emoção de um samba-canção de Lupicínio Rodrigues, tão próximos da realidade quanto a mais avançada impressão em 3-D.

A obra não é para estômagos sensíveis, pois os corpos em aço explodem em sangue e urina. O estupro de uma mulher é cometido por ordem e na presença de torturadores, onde o sadismo se mistura ao prazer.

Os leitores são convidados a viver fantasmagoricamente. Uma mulher chamada Yilze, ou talvez Adelaide, bate à porta de uma casa na Rua da Saudade, em Paquetá. O homem que a recebe é conhecido como Juiz, ou talvez Carlos, em homenagem ao revolucionário Marighella. Todos são passageiros e definitivamente desconhecidos uns dos outros, um motivo para o anonimato existencial e a fantasmagoria ficcional.

Na obra, as dinâmicas de ordem e submissão revelam uma hierarquia clara entre os seres humanos, refletindo e se adequando aos tempos atuais e futuros. Os excessos da escravidão, por um acaso mágico, tornam-se aceitáveis e se normalizam, com ou sem a aprovação dos bem-pensantes.